quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Protótipos











As conveniências da vida nos moldam, torturam, emolduram. Talvez sejamos exteriormente a encarnação do que gostaríamos de ser, protótipos da perfeição sonhada, como bonecos manipulados pelo eu verdadeiro; bonecos que fingem não sentir a dor das palavras alheias, as decepções da insegurança sentimental, o cansaço da hostilidade de viver.

Falsa perfeição! Basta olhar mais de perto para ver os lapsos acontecerem . Não há um homem sequer que consiga manter-se inabalável dentro da armadura, pois todos somos passíveis à submersão da verdadeira essência. A carcaça de humanóide nem sempre suporta as instabilidades da existência e rompe-se turgidamente para fundir-se ao meio concentrado das pressões.

Fazemos escolhas como seres perfeitos, aliás, nosso protótipo escolhe o que melhor convém. Entretanto, a dor é sentida pela alma, é a essência do verdadeiro ser humano que transita entre a tristeza e a alegria continuamente. Como as consequências nunca falham -eis a verdade da qual não esqueço-, o segredo da boa sobrevivência é saber decidir, posto que as oportunidades são imprescidíveis, o estar aqui é único, traiçoeiro e tão efêmero quanto o vento.

Leila Andrade






 

Nenhum comentário:

Postar um comentário